23 novembro 2005

Hoje não quero nomear poemas.
Talvez um dia não queira nomear filhos.

Sem nomes, terão números.
Como os ditos imperadores,
serão primeiro,
segundo,
ao décimo eu paro.

Retorno à democracia
e contrato um burocrata
para fazer o que não fiz.

Vianna
23/11/05

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Não discutirei política.
Abraçarei o boêmio que dança ao meu lado
e que de patético nada tem.

Esses olhos de censura
não mensuram a existência de uma noite.
A existência de um poeta
que de palavras nada sabe.

Mas que resistiu a uma vida
que poucos conhecem
e muitos almejam.

Vianna
23/11/05

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De uma letra faço um desenho.
Do teu rosto, faço a caricatura de um amanhecer.
Pinto temas, rascunho abraços.
Experimento o prazer do teu penar.

A lua resolveu passear
e escolheu o caminho errado.
Foi de encontro ao Sol,
sem saber que esbarraria na razão de seu brilhar.

Não resistiu ao calor expurgatório.
Retornou e redimiu-se,
brilhando eternamente.

Vianna
23/11/05

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Muito Prazer

Músico eu sou,
pois músico é quem sente,
quem se enamora com o dissonante.

A música constrói minha noite
e por vezes destrói meu dia.

Atraso em uma hora o relógio
e chego pontualmente ao meu compromisso.

Todos aguardam com olhos de quem não vive
e bradam em coro:
Quem bom que vieste!

Vianna
23/11/05

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